Começou hoje o IX Festival Internacional de Cinema. O tempo é de apertos mas é precisamente no aperto do tempo que urge rasgar uma janela de escape, sonho, inspiração. Enfim, todos os motivos são válidos para visitar o São Jorge, a Culturgest, o Londres ou a Cinemateca até ao próximo dia 30. Seleccionados os filmes, anotadas as sessões, hora, duração e local no meu moleskine, fica a sinopse e o trailer da primeira obra de Pedro Filipe Marques, A Nossa Forma de Vida. Estou curiosa para ver o retrato do quotidiano deste casal de idosos e perceber com que lentes vêem o nosso estranho Portugal.
A Nossa Forma de Vida / The Way We Are
Pedro Filipe Marques | 91' Portugal 2011
COMPETIÇÃO PORTUGUESA - MÉDIAS E LONGAS
Primeira Obra
Oitavo andar de uma torre azul. O casamento entre o trabalhador eterno Armando e o consumismo da dona de casa Maria Fernanda sobrevive há 60 anos. Partilham as suas visões como parceiros do mesmo crime, transformando o quotidiano numa breve comédia da vida e comentando sobre aquilo que um país em decadência económica ainda tem para lhes dar.
Desde que 'cheguei' a Lisboa, em 2002, que fui a quase todos os DocLisboa, na Culturgest ou no S. Jorge, não perdia uma edição e até mesmo a extensão do festival que durante 2 ou 3 anos teve lugar no Cine-teatro da minha cidade berço, Alcobaça.
Infelizmente agora que estou a milhas da minha pátria «não há Doclisboa para ninguém»... mas entre 5 e 20 de Outubro apanhei um Especial Doclisboa no TVCine 4 e vi vários documentários de excelente qualidade (falei sobre eles no meu blog).
O que me deixou mais tristonha foi o facto de constatar que os documentários portugueses que passaram eram intragáveis... dois de Susana Sousa Dias em que abordava o tempo do regime Salazarista mas sem locução, tudo só com imagens... muito sui generis, reconheça-se, mas um verdadeiro bocejo!!!!!!
Os outros dois que vi assinados por Sérgio Tréfaut focavam temáticas fantásticas (num a Cidade dos Mortos no Cairo, noutro o impacto da emigração na capital portuguesa), mas pecavam por planos muito parados, por não terem qualquer tipo de registo documental (sítio onde estavam a filmar, pessoas que estavam a filmar, enquadramento jornalístico, etc)... Enfim, dá-me ideia que os portugueses continuam a achar que só se afirmam se forem diferentes... mas há áreas em que há limites e se o objectivo primário do documentário é para informar, então deviam ter isso em conta..! Digo eu, que sou mera espectadora...
Dulce, já tinha lido o teu post ;) Confesso que tenho pouca opinião sobre o produto português no Doc. E, de facto, o que escreves não me surpreende... tem sido o output de alguns amigos em edições passadas. Olha, espero ser surpreendida, pela positiva, com este filme que destaquei. Darei feedback depois de 3a!