Lá ia eu no metro. Uma viagem normal. Um dia normal. Uma rapariga dos seus 18, 19 anos, viajava sentadita, meio escondida atrás de uma franja de meter respeito e de uns grandes óculos com armação de massa castanha. Parecidos aos da minha amiga J. Por isso, a miúda prendeu-me o olhar. Isso e a dúvida resistente na minha mente: "como consegue alguém viver com aquela farfalhuda trunfa por cima da testa, dos olhos e dos óculos?". Uma pessoa tem que arranjar estes pensamentos para a viagem ser mai curta, não é verdade? Eis que a pequena, com sua grande juba, sai na mesma paragem que eu. E com a saída, a impossibilidade de não reparar no pé da donzela, calçada de Havaianas. Qual semáforo verde, o peito do pé ostentava um enorme trevo de quatro folhas e um nome: "Miguel". Pois bem, a não ser que a "franjas" tenha tido uma criança, sexo masculino, de nome Miguel - e mesmo assim, isso não muda muito a minha opinião sobre nomes tatuados e, para quem não percebeu ainda, é algo que me faz muita confusão - aquela rapariga foi-me tatuar a sorte grande de encontrar esse miúdo, o Miguel, e escarrapachou-a ali mesmo, em grande escala, no pé! Filhinha, é bom que esse Miguel seja mesmo o seis do teu totoloto, as duas estrelas do teu euromilhões, a agulha (que carregou muito no verde, diga-se) do teu palheiro. Caso contrário, desejo-te boa sorte para disfarçar essa obra de arte. Porque, querida, lamento dizer-te mas nos pés, que saiba, ainda não crescem franjas.
Este post serve exclusivamente para agradecer ao Pedro Neves, o Querido de "Mudei o meu Blog" ou o líder da trupe do "Pimp my Blog". Ao senhor da equipa SAPO, um enorme obrigada. Like it a LOT :D
p.s.1. qualquer semelhança entre a miúda das fotos e a autora é pura realidade.
p.s.2. a foto do crepe gelado não é de banco de imagens e o sítio que faz esta maravilha será, a seu tempo, alvo de post.
E eu aqui sem qualquer inspiração para escrever o que quer que seja. Apanhada pela preguicite aguda. Traída pela criatividade. Violada pelo marasmo. Aqui estou eu. Sentadinha à espera de um parto textual. Nem a ferros lá vai. E aparece mais um balão de diálogo do Windows (sim, porque eu praguejo quando o vejo e temos toda uma conversa censurada a menores de 18 anos). “Memória virtual demasiado baixa”. Tens razão. Hoje não vou discutir. Vamos lá terminar este post ridículo e fechar uma aplicação para respirares. Mas só hoje. Que a minha imaginação virtual nem chegou a picar o ponto. Final.
Na Rua Anchieta, existe um sítio maravilhoso para quem tenta calcular esta difícil equação num dia de semana:
Chiado + almoço saudável + preço acessível + local calmo, tranquilo, zen (repito, local calmo, tranquilo, zen; sim, no Chiado)
A resposta chama-se Instituto Macrobiótico de Portugal (IMP). Num tímido 1º andar entre a Vida Portuguesa e o abarrotadíssimo Kaffehaus, existe esta pérola, esta agulha no palheiro que o traçado pombalino consegue ser. Além das conferências, cursos, aulas, consultas em áreas como o Chi-kung, Yoga, Pilates, Feng-Shui, Shiatsu e outras 1.500 coisas com as quais não estou nada familiarizada, este IMP permite almoçar fantástica comida macrobiótica por nove euros.
Tal como na escola, compra-se uma senha, na recepção/loja, que dá direito a sopa, prato, sobremesa e chá. Claro que há buffets, como o Jardim dos Sentidos, por exemplo, que permitem almoçar pelo mesmo preço, repetir a dose e comer até cair. Mas, muitas vezes, come-se efectivamente mais do que a conta. Afinal, está ali à mão toda uma mesa cheia de iguarias e "epá, se é vegetariano, é saudável" (yeah, right...beringelas com queijo gratinado, lasanha de legumes com béchamel, "bolinhas que se chamam sei lá como" fritas, uns snacks género Doritos, and so on).
Aqui o prato já vem "montado", é verdade (pode fazer alguma espécie esta ausência de menu e "toma lá a tua ração que daqui não levas mais nada"), mas com o suficiente para se comer bem e sair plenamente satisfeito, sem aquela sensação de "ai que preciso de uns sais ou de uma Água das Pedras". E, o melhor, é que podemos almoçar em paz num ambiente familiar (somos nós que vamos buscar a comida à cozinha), povoado de pessoas simpáticas e amáveis (e parecem-no ser de forma tão genuína que até faz impressão).
Ingénua como sou, pensei que frequentar aquele local até conseguia atribuir generosidade aos demais, assim como que por osmose. O tipo giro e solitário, da mesa do fundo, trouxe-me a sobremesa e eu agradeci de forma deveras entusiasta aquele gesto inesperado ("oh, tão amoroso...ofereceu-se para trazer o que me faltava depois de levar o seu prato à cozinha...). Horas depois, folheava a brochura do IMP, com o programa Primavera-Verão, e lá estava ele, o bonitão que me trouxe um folhado muito suave de maçã e canela: consultor de Feng-Shui no Instituto. Colaborador da casa, portanto. Mas é a crise: há que ser polivalente. Compreensível.
Recomendo vivamente a apreciadores de comida macrobiótica e, sobretudo, aos amantes da tranquilidade na pausa do almoço (e do Feng-Shui, que me pareceu ser uma disciplina com um potencial de mais de 1,80m a explorar).
Advertência: quem estiver farto de ler posts, notícias, desabafos sobre as dificuldades em encontrar emprego, queixas e lamúrias do estado actual das coisas...feche esta janela, por favor, utilizando a cruz no canto superior direito. Quem até simpatizar com os temas, então leia e solidarize-se, ou não, com a minha profunda indignação com alguns exemplares dessa raça chamada "homem português com a mania que é campeão de corrida".
No meu part-time, há um tipo insuportável que está sempre a fazer perguntinhas chatas - só para mostrar (falso) interesse nos procedimentos - e a aproveitar os poucos momentos em que a coordenadora abandona a sala para se queixar das condições, do salário, da abordagem, do horário, da água e até da merda do café. A juntar a isto, tem todo aquele discurso da galinha da vizinha ser melhor que a minha. Passo a explicar. Parece que Sua Excelência tem outro part-time, diurno, num sítio com condições maravilhosas, remuneração atractiva, funções motivantes, água Evian e Nespresso a dar com pau (ok, a água e café são apenas para dramatizar isto). Como se não bastasse, fisicamente faz-me lembrar um tipo que podia ser muito bem o motivo da minha participação voluntária em ensaios experimentais de indução de amnésia selectiva (se algum médico/investigador ler isto e quiser ajudar...está à vontadinha).
Pois bem. Se o part-time é uma grandessíssima merda...então...porque está ali? (precisa do dinheiro, Andreia, precisa do dinheiro) Eu penso em todas estas coisas quando o oiço, faço um esforço para ignorar o que diz. Mais um esforço. Mas não consigo. Porque depois, no final do dia, lá vai ele - sempre o último a dirigir-se à mesa para entregar as folhas com o trabalho feito - todo armado em carapau fresco com as perguntas estúpidas que tão sabiamente sabe fazer. E engraxa a senhora. Demonstra, again, o tal (falso) interesse no trabalho que está a fazer, demonstra a revolta sentida quando as pessoas, do outro lado da linha, não colaboram e - 'tadinho - lhe desligam o telefone na cara.
E como se a fotografia não fosse para lá de péssima, hoje então os meus olhos reviraram-se. Uma e outra vez. Foi a machadada final. Lá tivemos que partilhar o elevador para a subida. "Olá, então tudo bem?" (estaria bem melhor se não estivesse a dois palmos da tua cara palerma). "Mais um dia desta merda, não é? Eu hoje vou falar com a coordenadora e pedir para amanhã sair uma hora mais cedo pah. É meio da semana, 'tou bué da cansado. Ando sempre a chegar a casa às onze e tal. Tenho outro part-time de manhã, sabias?" (ok, já te calavas, não?) "E ainda tenho que andar a fazer tempo entre um e outro. Hoje tive uma entrevista de trabalho, uma merda de tanto tempo que demorou!" (merda é o que tu não páras de dizer, amiguinho).
E são pessoas como estas que andam a tirar o lugar a quem realmente quer trabalhar. Claro que não podemos generalizar. Eu sei. Mas ouvir isto roça o insuportável. São estas posturas que me matam. Estamos a falar de um part-time de duas semanas. Não estamos a falar de um emprego com 1300 anos de background e motivos de queixa do colaborador. Estamos a falar de alguém que, precisando de dinheiro, aceitou a oferta de uma empresa de trabalho temporário (que é como quem diz, trabalho que não dura para a vida; situação passageira, bem delimitada no tempo e que serve os propósitos de quem precisa e de quem se lança, literalmente, a qualquer água com tubarões para, ainda assim, salvar o coiro) que informa por 1. telefone e 2. email, dias antes de iniciar o trabalho, quais as funções a desempenhar, o valor/hora de remuneração e uma estimativa do rendimento total a aferir no final da missão.
E não é que ele, mal entrou, foi mesmo pedir para amanhã sair uma hora mais cedo, alegando cansaço de meio da semana?!?
"Ah, e eu sou licenciado", diz ele muitas vezes quando se queixa ao colega do lado.
Pois é querido, também eu. E tenho que te aturar mais três dias.