30.10.15

Just smile.

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Faz hoje 6 meses que coloquei o meu aparelho dentário. As diferenças são assustadoramente positivas. Por norma, sou optimista. A verdade é que nunca, na melhor das hipóteses, pensei que em meio ano fosse possível ter esta mudança.

 

Mas vamos a um breve enquadramento: há 6 meses, eu tinha 30 anos, um diastema [espaço entre dentes] gigante e um desfasamento considerável [agora mais suavizado] entre maxilar e mandíbula. Ou seja, um misto de Seal e Mr. Burns dos Simpsons. Estão a ver?

 

Pela frente, à partida, tenho 12 meses de tratamento, uma possível cirurgia maxilofacial e aparelhos de contenção [colocados atrás dos dentes] para a vida. Os dentes têm memória e, por isso, se não houver contenção, voltamos ao Seal Burns. Não queremos isso.

 

Ora, e agora, perguntam-se “porque raios esperaste 30 anos para botar um aparelho dentário se essa esquelética já vinha no teu ADN filhinha?”. O tratamento é caro, não é pêra doce, vários médicos rejeitaram o meu caso sem sequer fazerem um estudo aprofundado, outros afirmavam que a operação era obrigatória. A par disso, em adolescente, a ideia de usar aparelho era mais assustadora do que continuar a ser gozada como habitualmente na escola.

 

Sim, há 20 anos não era cool usar aparelho. Muito menos óculos. Aos 15, diagnosticaram-me miopia. A somar ao insucesso que já tinha no recreio, a rede social de então, um par de lunetas na tromba aumentou o número de pokes. Vamos lá deixar a história do aparelho de lado.

 

Com o passar dos anos, decidi que havia de viver bem com a aparência dos meus dentes, com a “diferença” que me fazia destacar dos demais. E assim vivi até ao dia em que o meu dentista me explicou quais seriam as consequências de não resolver esta questão: poderia começar a perder dentes saudáveis, por falta de apoio estrutural.

 

E assim, aos 30 anos, assumi a miopia com uns óculos XL [durante muito tempo usei lentes de contacto, de forma pouco ortodoxa, resultando numa úlcera na córnea] e coloquei o aparelho. Hoje, escrevo este post com o desejo de dar força a alguém que ande hesitante com a ideia.

 

Sugiro que considerem vários médicos, que oiçam as suas opiniões e abordagens. Trocas de experiência, de amigos e família, são importantes. No entanto, pelo menos para mim, a escolha do médico passou por confiar na minha intuição. É muito importante existir empatia com o médico. Convém que haja facilidade de comunicação e objectividade, sentir que estamos em boas mãos, afinal, mensalmente lá estaremos sentadinhos na cadeira. Estou imensamente feliz com o meu médico, em quem deposito a maior confiança.

 

Antes da colocação do aparelho, extraí todos os meus sisos e fui submetida a uma pequena cirurgia para remover o freio labial. Não foi fácil, não foi bonito. Mas foi bem feito. Com paciência, medicação e os cuidados certos, ultrapassei essa primeira etapa.

 

No dia D, após algumas horas de boca aberta e dormente, o aparelho lá estava, seguro por borrachinhas rosa choque. Se é para usar, que seja tcharan. A sensação de ter um corpo estranho na boca [no meu caso, colocou-se logo a maquinaria completa, no maxilar e mandíbula] é isso mesmo, estranha. Andei dois dias com os lábios inchados [perfeito para selfies duck face], tive feridas na mucosa, mal conseguia comer pois parecia que todos os dentes se moviam. Aliás, não parecia, os dentes efectivamente estavam em movimento.

 

Ao fim de uma semana, a situação melhorou. Aos poucos, já não precisava de processar a comida e já conseguia dar umas dentadas. E assim é todos os meses. Nos dias seguintes à revisão, e ao aperto literal de que somos vítimas, tudo volta à “normalidade”.

 

Não nego, há momentos em que é doloroso comer uma fatia de pão, há ocasiões em que comer socialmente é uma merda [abortar verduras, abortar!!!], há noites em que acordamos submersos em baba [sim, a produção de saliva aumenta pois existe todo um apêndice no interior da boquinha]. São apenas momentos. À medida que o tempo passa, sinto-me muito mais confortável, mais bonita e mais confiante.

 

E rio senhores, rio muito e rio alto.

 

 

publicado por ARA às 14:20
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29.10.15

10 filmes para principiantes

500 days

 

 

Estive a fazer uma lista de todos os filmes que vi nos últimos dois meses. Sabia que o tema “Relacionamento” seria transversal. Alguns em estreia, outros revisitados, alguns repetidos até à exaustão, estes filmes têm um denominador comum: nenhum tem como desfecho “e viveram felizes para sempre”. E ainda bem que assim é.

 

Não pretendo fazer spoilers mas se alguém estiver interessado em ver algum destes filmes, tenha em consideração que:

 

- há amores que não acabam e são verdadeiramente para a vida, contudo isso não significa que exista uma relação perfeita, vitalícia ou um relacionamento de todo;

- por muito que não se queira magoar, há sempre alguém que vai sofrer. Às vezes, sofre mais quem corta;

- os protagonistas vão aprender, a seu tempo, ao seu jeito, que o que dói hoje irá doer menos amanhã;

- moral da história, tudo acaba bem, contudo nem sempre da forma como se gostaria.

 

Alerta: eu não sou nem pretendo ser uma crítica ou expert em cinema. Muito menos em relacionamentos humanos. 

 

Annie Hall

Manhattan

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Eu adoro os filmes do Woody Allen. Estes dois têm a dupla Woody – Diane Keaton, um regalo para os olhos, e com mais de 30 anos, continuam super actuais. A eterna insatisfação do ser humano é muito bem retratada por um Woody ansioso e paranóico. Impossível não lembrar a letra do Estou Além, do António Variações. “Porque até aqui eu só estou bem aonde não estou”.

 

La vie d’Adèle

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Maravilhoso. É um filme intenso, explícito, pungente sobre a descoberta do Eu, da sexualidade, do amor e da vida adulta. Sei que são muitos adjectivos num parágrafo mas, acreditem, todos eles merecem estar ali.

 

Take this Waltz

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A ideia de ver o Seth Rogen num flme indie, registo não comédia, com a Michelle Williams, pareceu-me pouco sensata. No entanto, arrisquei e estou feliz por tê-lo feito. Este filme aborda o tema “triângulo amoroso” de uma forma muito digna, numa perspectiva muito diferente daquelas que Hollywood adora perpetuar.

 

Eternal Sunshine of the Spotless Mind

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E se fosse possível remover alguém da nossa memória? Que danos teria um procedimento dessa natureza? Voltaríamos aos mesmos lugares? Voltaríamos à mesma pessoa? Na época, Jim Carey aparecia num registo totalmente diferente daqueles a que nos habituava e fê-lo de forma bastante credível. Já a Kate Winslet mostrava que era muito mais do que a Rose do Titanic. E tão bem que o mostrou.

 

500 Days with Summer

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A imagem no início do post é extraída deste filme, o qual já vi um número considerável de vezes. Excelente banda sonora, excelente escolha de actores. Diálogos inteligentes e uma narrativa original e refrescante.

 

Comet

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Por falar em originalidade, este filme marca pontos nesse campo. Se estão à espera de uma narrativa linear, cronológica, então esta história não é para vocês. Praticamente só duas pessoas entram neste filme e diferentes fases da relação são reveladas numa abordagem fora da caixa.

 

Lost in Translation

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Gosto muito deste filme. Gosto da ironia que o caracteriza. Procurar e ser encontrado. Encontrar significado numa terra estranha. Estar só, acompanhado. Viver América no Japão. Sentido na confusão.

 

I'll See You in My Dreams

Enough Said

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Não sendo do mesmo realizador, agrupo-os pois partilham um enquadramento e uma mensagem muito semelhantes. Nunca é tarde para recomeçar e, apesar da maturidade e da bagagem serem maiores, no final do dia, continuamos a ser principiantes. E não há mal nenhum nisso.  

 

 

 

 

 

publicado por ARA às 13:53
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28.10.15

Job for the girl

Já perdi a conta ao número de entrevistas de emprego a que fui. Ando nisto, mais coisa menos coisa, desde o ano de 1700 AC. Os processos de recrutamento são case studies que, um dia, espero reunir numa obra ao melhor estilo dos livros de auto-ajuda, segredos e qualquer coisa for the dummies.

 

Começando pelos recursos humanos, tenho para mim que padecem de um mal comum: incumprimento da palavra. Epá, não gosto disso. “Em seguida, vou enviar um email a formalizar a data da entrevista, o local e o diabo a sete”. “Darei feedback sobre o andamento do processo até ao final da semana, até lá aguenta e não chora”. E depois, nem água vai nem água vem. Lá começam os emails e os telefonemas de stalking.

 

Quem nunca foi alvo de um erro de casting, que levante o dedo. Estava eu de canudo na mão, à procura de um estágio curricular como Copywriter, ou algo do género, e sou convidada a ter uma entrevista para o cargo de Direcção de Arte. Sénior.

 

Anos mais tarde, um anúncio publicado no blog Carga de Trabalhos (para quem não sabe, montra de empregos na área da comunicação), leva-me a uma mega casa em Oeiras, propriedade de uma figura conhecida da nossa praça. À entrada, a recepcionista pede-me dados pessoais (normal) e a hora e local do meu nascimento (certo), sacando muito prontamente um print da xerox. O meu mapa astral, pois claro. Super relevante para a função, não estivesse a senhora VIP à procura de alguém, e cito, “que saiba fazer de tudo um pouco, desde uma limpeza nos servidores até uma limpeza espiritual”. Adiante.

 

Os tempos de espera entre a primeira entrevista (de triagem), segunda (de grupo, com as clássicas dinâmicas Perdidos na Ilha/Lua/Marte, riscar o que não interessa) e terceira (individual), podem ser desesperantes, causando um desgaste absurdo.

 

No momento das entrevistas, tento sempre ser fiel a mim própria. Tenho noção que naqueles breves minutos, temos que vender a nossa pessoa, provar por A mais B que somos o candidato ideal para aquela vaga. Como é óbvio, há uma teatralização e uma mentira inerentes. Ponto. “Saí do meu último emprego porque os meus chefes eram uns incompetentes, uns pequenos parasitas”. “Estou aqui super empolgada para ganhar estes 500 euros, upa upa, nem sei que faça com tanto dinheiro”. Naturalmente que há filtros que têm de ser utilizados e que o Síndrome de Tourette deverá ficar quietinho. Contudo, tento ser o mais fiel possível a tudo aquilo que faz de mim Andreia e não Maria.

 

Quando a Andreia é rejeitada, é lixado, pois claro. Se concorri à vaga é porque preciso de trabalho, de melhores condições salariais, de uma mudança. Há expectativas e, em momentos de maior fragilidade, a rejeição pode levantar inúmeras questões. Será que falei de mais, de menos? Será que não mostrei entusiasmo, que passei insegurança? Será que deveria ter vestido outra coisa, que o cabelo estava desalinhado, que o fond de teint não estava bem espalhado?

 

Porém, acredito piamente que todas as rejeições me empurram para algo melhor. Até hoje, esta máxima não me desilude.

 

Quando a Andreia é escolhida, é uma sensação fantástica. E, hoje, estamos assim.

 

publicado por ARA às 15:09
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27.10.15

Recap

Mais de dois anos passaram desde o meu último post. Meu Deus. Tanto tempo. “Porque não voltas a escrever no teu blog?”. Agora não tenho PC ou portátil, só o iPad e é difícil escrever naquele teclado, não é natural. É complicado.

 

Desculpas.

 

Tanta coisa aconteceu desde o meu último post. Consultas de psicoterapia. Namoro. Vida a dois. Casulo. Afastamentos. Cirurgia. 30 anos. Esgotamento nervoso. Ansiolíticos. Anti-Depressivos. Recuperação. Pazes. Aparelho dentário. Decisões difíceis.

 

Oh well, a vida adulta no seu esplendor.

publicado por ARA às 17:08
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