27.12.15

olhacaixadóculos!

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Há uns dias, li um artigo engraçado sobre os dramas de quem usa óculos. À falta de inspiração, resolvi abordar o assunto, partilhando a minha visão, ou falta dela, sobre a temática.  

O meu pai é míope, assim como o meu irmão. Até aos 14 anos, eu gabava-me de não ter de usar óculos. A minha rica mãe sempre lembrava que bom que era eu não ter herdado os genes da pobre visão. Mal ela sabia que estive quase um ano em negação.

Foi numa aula de Português que me apercebi que o tamanho da letra da professora tinha encolhido. Nos dias seguintes, reparei que precisava de semicerrar os olhos de modo a conseguir ler legendas.

O pânico de usar óculos na escola tomou conta de mim e lá fui deixando a coisa arrastar. Apanhada pela minha mãe, num momento de entretenimento televisivo em lusco-fusco, não tive outro remédio senão ir ao oftalmologista. 

Comecei logo com uma dioptria de 2.50, em cada olho, que aumentou para 4.50, valor que se tem mantido estável nos últimos anos. Trocando por miúdos, sem óculos não vejo um boi à frente. 

Hoje, gosto de usar óculos e assumo a coisa com armações pouco discretas. Contudo, usar óculos tem os seus desencantos. Ora vejamos:

1. As lentes estão sempre cagadas e apenas temos noção do grau de sujidade quando passamos o paninho e, de repente, o dia deixou de estar nebulado;

2. Em dias frios, a pessoa entra no autocarro e fica com a lente embaciada. Não é bonito;

3. Na praia, é ridículo ir ao mar com óculos, contudo, é perigoso arriscar um encontro imediato de primeiro grau com uma medusa ou com outro banhista;

4. Entrar na banheira com os óculos e apenas notá-lo quando há duas cascatas a dar os bons dias;

5. Quem, como eu, usa headsets para desempenho da sua função laboral, sabe o quão dolorosas podem ser as hastes;

6. Óculos 3D no cinema, ou, "porque raios me meti neste filme?";

7. O tique irritante de levar a mão aos óculos de 2 em 2 segundos. Pior, ter esse tique quando os óculos não estão lá;

8. Maquilhar o rosto é algo para fazer lembrar os pega monstros, coladinhos ao vidro;

9. Idas ao cabeleireiro podem ser desastrosas. O resultado da tosquia só é verdadeiramente visualizado na fase irreversível do processo;

10. A compra dos óculos: a complexidade de escolher, acertadamente, algo que será utilizado todos os dias.

Desafios à parte, hoje sou fã de óculos e de portadores de óculos. Há um charme, um certo je ne sais quois, nos indivíduos que usam lunetas, não acham? 

 

 

publicado por ARA às 18:55
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21.12.15

Acontece desde 2003

Natal só é Natal depois de rever O Amor Acontece. Tenho dito. O que é que este filme tem de tão especial? Além de um Rodrigo Santoro semi desnudo - que, por si só, já é justificação para repetir a dose todos os anos - o filme cruza várias histórias com as quais é impossível não nos identificarmos. E se há coisa que se quer em época natalícia, é identificação, amor, rabanadas e tronco de Santoro.

Em Dezembro de 2003, estava a viver uma fase menos boa. O meu irmão atravessava um problema de saúde, a minha mãe tinha arranjado um namorado execrável, a licenciatura que iniciara há poucos meses parecia-me uma péssima escolha. No dia de Natal, o ambiente lá em casa estava de cortar à faca. O senhor namorado da minha mãe passara lá a noite, juntamente com a sua chico espertice e arrogância, de maneira que eu estava prestes a hiperventilar. E ninguém quer hiperventilar enquanto devora Ferrero Rochers como se não houvesse amanhã.

Apesar dos seus problemas, e em jeito de pacificador, o meu irmão agarrou em mim e levou-me ao cinema. Nessa noite, passava O Amor Acontece. Durante aquela sessão, esqueci a sua doença, a faculdade e o idiota que estava lá em casa. Ao longo de duas horas, apenas vivi a angústia infantil do primeiro amor, os não ditos do melhor amigo do noivo, secretamente apaixonado pela esposa deste, a comunicação trapalhona entre o inglês e a portuguesa, a auto sabotagem da irmã que não se permite viver a paixão que nutre pelo colega desde 1780. Não esquecer a crise de meia idade do patrão desta e o public affair do Primeiro Ministro. São várias as histórias contadas ao som de Christmas is All Around You, uma adaptação manhosa de um êxito dos anos 90, encerradas com uma das melhores cenas de aeroporto de sempre.

É confuso, eu sei. Assim é o amor. E ele acontece em mim sempre que vejo Rodrigo Santoro em roupa interior Hugo Boss. Era só isto, obrigada

publicado por ARA às 21:01
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14.12.15

Sobre as inevitáveis festas de Natal

A minha foi este sábado. Muito provavelmente, escrevo estas linhas com uma taxa de álcool ainda capaz de fazer corar o São Nicolau.

Diria que correu muito bem. Lembrei-me de calçar sapatos semi novos, desafiando estoicamente a hora da debandada. Optei por não alisar o cabelo, assumindo a Gloria Gaynor que há em mim, qual rainha do disco sound. Comi muito pouco, potenciando o rápido efeito tranquilizante da cevada maltada. E da uva, há que acrescentar, rica em antioxidantes.

Apesar dos desafios, foi uma festa memorável. É sempre um regalo ver as modas e as últimas tendências do styling duvidoso. É maravilhoso observar os fenómenos migratórios entre as mesas e os bares. Digno de nota, assistir às reacções de desespero de quem acreditava que as bebidas brancas eram servidas à discrição. Melhor, assistir aos exercícios de aspiração central de indivíduos que, claramente, apenas se alimentam duas vezes por ano. Nas festas de Verão e Natal, naturalmente.

Acima de tudo, gostei de ver que os convivas mantêm-se fiéis à tradição: ignorar os discursos do CEO e abraçar, sem medos, actividades de team building com direito a bola vermelha no canto superior direito. Feliz Natal!

publicado por ARA às 20:31
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7.12.15

5 coisas que me fazem espécie

 

1. A loucura com a entrevista do Cláudio Ramos no Alta Definição. “Muita coragem”, “testemunho poderoso”, entre outros comentários do género, invadiram as redes sociais nos últimos dias. Ora vejamos, o homem revelou ser gay e ter um problema de coração que o torna mais susceptível a uma morte prematura. Muito sinceramente, espero que o senhor viva muitos anos e que tenha imenso amor para dar e receber. O que me incomoda é que eu sou hetero, assumida há décadas, e nunca ninguém me deu os parabéns por isso. Além disso, já me tiraram a vesícula, vai fazer dois anos, e o Daniel Oliveira simplesmente cagou para o assunto.

 

2. Pessoas que vestem fato de treino para ir trabalhar. A menos que estas pessoas sejam instrutores de ginásio ou professores de educação física - com mau sentido de orientação geográfica - não percebo o que fazem diariamente num edifício de escritórios.

 

3. Malta que não lava o cabelo e acha que fazendo um rabo de cavalo, ou o tão na moda “bun”, disfarça o problema. Lamento informar mas essas técnicas elaboradas não dissimulam a badalhoquice. Dica: “keep it simple, wash it”.

 

4. Sem sair do tema, que mania é esta das miúdas que só conseguem prender o cabelo depois de jogarem a cabeça para baixo e agitarem a juba freneticamente?  Por favor, será que podem evitar fazê-lo em via pública e nos transportes? Recordo que os anos 80 já terminaram e a publicidade ao Timotei também. Lavar e exercitar o cabelo são coisinhas para fazer em casa. 

 

5. O perigo das sessões fotográficas urbanas. Um indivíduo já não pode ir passear sem sentir a adrenalina dos últimos momentos de vida. Não basta uma pessoa ter de se desviar dos ciclistas e das Tuk Tuk, agora ainda tem de estar atenta para não estragar momentos Kodak de cunho profissional. É todo um parkour para passar por entre fotografados, fotógrafos, assistentes, assistentes dos assistentes e toda a parafernália envolvida. Isto sim requer muita coragem. E sim, estou a olhar para ti, Cláudio Ramos.

 

 

publicado por ARA às 21:25
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