O artista é o tipo que representa, escreve, canta, passa música num bar qualquer. É actor principal, autor de best seller, é o vocalista, o DJ do momento. É indie, hipster, fuma, tem cabelos onde se perder a razão. O artista é o meu tipo.
Gosta de atenção, sabe perfeitamente que a desperta mas finge não notar. É bem falante e todo sorrisos. O artista ignora-me.
O artista não aprecia grandes manifestações de alegria. O artista é pró-melancolia e pró-nostalgia. O artista tem uma musa que não sou eu.
Tem muitos amigos e seguidores nas redes sociais. Colecciona gostos e utiliza hashtags em demasia. O artista não está interessado no que eu tenho para dizer.
O artista veste e cheira bem. Tem estilo e é versado em temas diversos. O artista não é humilde, fala alto e entra sem pedir licença. O artista não tem disponibilidade e eu decidi eliminá-lo.
#foi a morte do artista
Instalei o Tinder há dois dias. Tinha pensado em deixar passar uns tempos e, apenas depois, escrever sobre a experiência. Contudo, há tanto para dizer que resolvi mandar o plano ao ar. Hoje, apenas comentarei a qualidade das fotos que tenho visto nesta aplicação.
1. Selfies tiradas em casas de banho, onde se vê a sanita, o bidé e o piaçaba são, no mínimo, parvas e facilmente evitáveis. Atenção: a cozinha, com o esquentador Vulcano ou o fogão Meireles, como pano de fundo, não melhora a coisa.
2. Pessoal que usa fotos de actores portugueses e brasileiros, sacadas de uma preguiçosa pesquisa no Google, achando que descobriram a pólvora, um conselho amigo: procurem imagens com melhor resolução.
3. De tanto ver troncos nus, confesso que ficaria entusiasmada com uma camisolinha de gola alta, assim só para desenjoar.
4. Duck face já não tinha passado de moda?
5. O Tinder parece ter pré-requisitos de imagem bastante ditatoriais no que respeita a perfis masculinos: a foto do ginário é, claramente, obrigatória. Senhores sem a bela da tribal também não entram.
É tudo, por agora.
Uma querida amiga minha tem cancro e escreveu este post. Em breve, vou visitá-la ao Hospital e dar-lhe um forte abraço. Enquanto a ocasião não chega, os meus pensamentos e o meu optimismo estão com a Cátia. Esta mulher é um exemplo de luta, coragem e determinação. Estou segura de que vai conseguir ultrapassar esta batalha.
Ao ler o post da Cátia, acredito verdadeiramente nas suas palavras, quando refere não sentir revolta. Acredito que está a encarar esta fase com a sua tão característica tenacidade. Eu acredito, minha amiga.
Por muito cliché que pareça, são notícias como esta que, uma e outra vez, nos agitam e obrigam a colocar as coisas em perspectiva. Saúde, família, amigos, trabalho. Não me posso queixar. Sou uma afortunada e bebo de copo cheio.
À tua, Cátia! Em breve, esta será mais uma estória com a qual nos brindarás no teu blog.
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