Tenho para mim que homem e cozinha casam tão bem como azeite e vinagre ou pão e manteiga. Desde os tempos dos fascículos de culinária coleccionáveis da mãe, com o saudoso Mestre Silva, dos doces sem açúcar de um Manuel Luís Goucha masculino e de bigode farfalhudo (aparentemente amancebado com Teresinha Guilherme), desde as manhãs da SIC com o Carlos Capote e as não menos rechonchudas da RTP, com Michel, que eu cá gosto de ver um homem na cozinha. Não é pela bata nem pelo avental. Não é pelo chapéu ou turbante. Sei lá, gosto de ver mãos masculinas dissecarem os mistérios da cuisine. Gosto de ver a precisão e a objectividade dos seus movimentos, a forma como fazem dos alimentos os verdadeiros protagonistas da receita (sem precisarem de abanar as ancas roliças, em camisola de dormir, como a Nigella, ou de venderem o belo do trem de cozinha, como a remediada da Filipa Vacondeus). Devota fã me confesso de Henrique Sá Pessoa, com o seu Ingrediente Secreto, do Masterchef (de qualquer nacionalidade, sendo que o nosso não vai nada mal, ali com umas nuances de novela mexicana com Mauro, o tatuador, ligeiramente obcecado com a concorrência de Marta, a arquitecta), o maravilhoso Hell's Kitchen, todas as séries de Jamie Oliver (que é um gajo prático e usa as mãos como ninguém, sem salamaleques de etiqueta e afins). Aprecio tanto o binómio homem-cozinha que até perdoo ao Chakall aquela anedota que foi andar estrada fora com a Pulga atrás da panela. Que a cozinha tem graça é assim, com uma ou outra nódoa. E para banhos, já temos a Maria.
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