Depois de dois dias enfiada em casa, atarefadíssima com exercício maxilofacial e ginástica passiva de maple sueco, decidi contrariar a gula e o pijama.
Agarrei em mim e fui até à cidade, ver as modas e inalar o cheiro da castanha assada. Vá-se lá saber porquê, decidi descer do Campo de Ourique até ao Terreiro do Paço. A pé. Porque não? Depois de dois dias a enfardar gelados e panquecas, pareceu-me adequado.
Pelo meio, uma paragem no Jardim da Estrela. Decidi ir à esplanada mais pequena, embora a grande estivesse praticamente vazia. Enquanto peço o café ao balcão, viro a cabeça e, qual David Attenborough, identifico algo familiar na savana. Merda. Ali estava alguém do passado, acompanhado de bicho fémea.
Bebo o café, tipo shot, ao balcão, e cavo daqui para fora? Vou lá cumprimentar e faço o meu melhor sorriso? Bolas, estou a usar os elásticos*! Caramba, sou uma mulher ou um rato? Escolhi o rato. É o meu signo chinês.
Sentei-me na esplanada – previsivelmente de costas – bebi o meu café, vi os updates de tudo o que era rede social e ainda li umas páginas de um livro. Sem despir a personagem de “olha-eu-tão-distraída-e-míope”, abandonei a esplanada e segui o meu caminho.
Olha filhinho, se estiveres a ler este post, peço desculpa pela indelicadeza. Ambos sabemos que foi melhor assim. Que o date tenha sido bom e que a vidinha te sorria sempre. Sem elásticos, de preferência. No início, dói bastante. Com o tempo, habituas-te e já nem notas.
* Nota: abordar o tema dos elásticos intra-orais em futuro post
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