Há uns dias, o Shark Tank mostrava uma dupla de amigas que criou umas calças hiper modeladoras. Caras como tudo, é um facto, mas muito promissoras. Não há rabo ou coxas deprimidos com aquela indumentária. Um dos tubarões criticava o invento como algo que promove o engano e a desilusão do predador masculino.
“Então, imagine-se que uma senhora tem um date e veste aquelas calças. A coisa corre bem e os dois vão para casa. O que sente aquele senhor quando as calças vão ao ar? Decepção!”
Os colegas reagiram rapidamente, desvalorizando, e enumerando artificios como o soutien, a coloração de cabelo ou a maquilhagem, armas poderosas de “encenação”. Todas as mulheres usam. Todos os homens sabem da sua existência. Alguns também utilizam. Ninguém se chateia.
Eu cá sou fã incondicional de tudo o que nos faça sentir bem. Ponto. Se alguém ficar desiludido, sugiro que compre uma revistinha. Ah, espera. Photoshop. É tramado, sim senhor.
Uso maquilhagem religiosamente desde os 22 anos. Todos os dias, depois do creme facial, há todo um ritual: corrector, base, pó. Estes disfarçam a vermelhidão do meu rosto, sintomática da rosácea, uma doença crónica de pele, muito comum em tez clara.
E já que é para maquilhar, então adiciona-se um eyeliner, um rímmel e, às vezes, um batom.
Metem-se os óculos, já que sem próteses não vejo nada. Havendo tempo, ainda se doma o cabelo com a prancha térmica.
Adornam-se as orelhas com uns brincos de pechisbeque. Perfuma-se a pele.
Se isso faz de mim uma impostora? Lamentavelmente, não. E só para esclarecer, apenas uso Chanel. Autêntico.
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