A alegria chateia muita gente. É um facto. Em quase todos os locais de trabalho onde passei, confundiu-se alegria com desleixo ou provocação. Num dos primeiros empregos, chegou mesmo a confundir-se descontracção e sentido de humor com assédio.
Toda a gente tem problemas. De saúde, amor, dinheiro. Toda a gente tem dias de merda. Há os dias em que se pisa ou se é atingido por cocó. Há os dias de mau cabelo e outros da borbulha na ponta do nariz. Há os dias das más notícias, da dor de cabeça ou do desarranjo intestinal. Contudo, o local de trabalho não é nem deve ser, a meu ver, recipiente das amarguras desta vida. Para má cara, já basta a que vejo diariamente antes de botar a maquilhagem.
Um bom ambiente de trabalho tem, para mim, um peso incalculável. É fundamental poder dizer umas piadas e não ser confundida com um verme negligente ou com uma trabalhadora do sexo.
Será que é assim tão difícil às chefias - reais e pseudo - aceitar que se pode ser produtivo, profissional e eficiente enquanto se dizem umas caralhadas e se ri até faltar o ar? Pasmem-se, mas é possível. Sim, eu escrevi caralhadas.
Felizmente, tenho a sorte de trabalhar com alguns indivíduos de igual pedigree. Desconfio que a minha alegria no trabalho incomode alguns membros da brigada do reumático. Suspeito que não farei absolutamente nada para mudar isso.
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